Quando folheamos as páginas de um livro qualquer, que atire a primeira pedra aquele que nunca mergulhou numa história fictícia, seja se identificando com o herói, na pele de um vilão, ou talvez simplesmente se sentindo uma princesa raptada à espera de seu salvador. A cada página, descobrimos mais sobre as personagens, conhecemos as suas fraquezas, suas virtudes, e gostos. Por talvez conhecer tanto sobre elas, acabamos partilhando emoções que as personagens sentem, dentro de nós mesmos. Nós sentimos na mesma intensidade, a dor da perda de uma pessoa querida da história, ou o gosto de vingança dentro de um pobre homem realizado.
Nos envolvemos por vontade ou simplesmente sem querer, tanto que criamos uma realidade paralela à nossa com a força de nosso pensamento, um mundo que você descobre a cada página lida. Nessa realidade, podemos ser tudo aquilo que queremos desde que façamos parte do enredo. Seja um fiel companheiro animal de um guerreiro, ou seja aquela mulher que não encontrou sua cara-metade e fora abandonada por seu amante. As emoções dentro de si chegam a ser tão fortes que a vontade de ler mais e mais, nos domina por completo. Nos vemos perdidos em um ponto de ônibus como cães famintos a fim de degustar lentamente seu pedaço de carne.
Ao fim de um livro, uma sensação bate dentro do nosso coração, um final que lhe completa quase por inteiro, uma vontade de dizer que acabou e que tudo ficou bem, mas algo lhe suga fora daquela realidade, te trazendo de volta para onde vivemos. Um sentimento de vazio toma conta de si e te puxa para baixo. “Por que eu não posso ter um final feliz também?” – É nesse momento que percebemos que nem tudo é como em um conto de fadas, nunca termina no final de uma história, ao contrário, cada dia de nossa vida é um livro que tem seu final nem sempre tão feliz como esperávamos.
Os segundos de nossa vida são como uma página desconhecida de um livro que lemos, temos a oportunidade de explorá-la, degustá-la e apreciá-la, mas não o fazemos porque para nós não importa as páginas de uma história e sim o final que ela vai ter. Finais não significam tudo. O que importa é o todo, a figura completa de um círculo fechado. A cada final, pode haver uma continuação, uma oportunidade de começar tudo de novo e vivenciar novos momentos. Nossa vida é como uma coletânea de livros sem um fim exato, segundos são como palavras escritas a todo momento. Nem todo final é feliz, é verdade, mas não podemos desistir porque um final não foi como aguardávamos, tente outra vez e outra, pois quem sabe se o final do próximo livro será quase feliz?
By: Victor Bernardi
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