Páginas

Oiie!

Não devemos por rótulos nas pessoas. Cada um é mais do que aparenta e menos do que dizem. O preconceito é o grande mal da humanidade.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma varanda, uma cadeira de balanço e um caderno velho.


E de repente, a sonhadora acorda de um sonho de quase 20 anos. Um sonho que sonhou acordada, por sua vida inteira. E então chegou a seguinte conclusão.

Ele não voltará.

Isso parecia tão óbvio agora. Como ela não pode perceber antes? Mas ainda assim perguntas incaláveis rodopiavam pela sua mente. Uma delas era:

Por que ele não me impediu?

Certa vez, no ápice de seu desespero desvairado, a heroína desconhecida caminhou até a ponte mais alta que havia naquela cidade. E ameaçou se jogar, esperando que, no último minuto, ele viesse resgatá-la. Mas ele não apareceu. E não lhe faltou vontade de fazê-lo, mas não houve coragem. Decidiu que não valia à pena... morrer assim, por alguém que nem sequer, tinha se dado ao trabalho, de tentar convencê-la a não seguir adiante com seu plano.

Passou a vida inteira se perguntando se não teria sido melhor ter posto um fim em tudo desde o começo. Nunca soube a resposta.

Tudo começou numa tarde morna de outono, que chegava ao fim. A sonhadora, já sem ter certeza do que sentia. Será que gostava de ambos? Perguntava-se, para logo depois, se recriminar por tal pensamento.

Não podia amar dois homens ao mesmo tempo. Pensava. Seria falta de consideração aos sentimentos dos rapazes. Concluía. Mas como ela poderia saber, então, se um estava longe demais para que pudesse alcançar e se não conseguiria mais chegar ao outro se o deixasse partir? Entrava em conflito e pedia a Deus que lhe mandasse uma resposta.

Passado um tempo, decidiu tomar coragem. E tentar se afastar um pouco de tudo e ter uma outra visão. Quem sabe assim compreenderia seus sentimentos. Foi o início de sua sina.

Tudo que a Sonhadora queria, era um amor simples, puro e verdadeiro. Mas tudo que ela encontrava eram escolhas verdadeiramente difíceis. E tudo que deixava era dor, lágrimas e corações partidos. Inclusive o seu.

Eis as palavras que deram início à vida fantasiada da nossa heroína:

- Eu preciso de um tempo para pensar.

Foi só isso. Não precisou mais nada. Ele entendera completamente o que ela queria dizer com aquelas palavras. Ou, pelo menos, pensava isso.

Ele foi se afastando, cada vez mais, na medida que os devaneios da Sonhadora foram se tornando, cada vez mais reais. E ele se foi por completo, passando a existir, somente, na cabeça de uma mulher, que passava dias e dias sentada em uma cadeira de balanço, na varanda de casa – palco da frase devastadora – agora, tão solitária!...

Ela passou meses, até anos esperando. Mas ele não voltou... E as mesmas perguntas rodopiaram pela sua mente.

Por que ele não me impediu?

Por que ele não lutou por mim? Pelo meu amor?

Será que não me amava o bastante para me impedir de deixá-lo?

Será que ele não sabia que eu só queria que ele me roubasse um beijo e pedisse para eu ficar?

Quando, finalmente despertou, a Sonhadora caminhou até uma escrivaninha, pegou seu caderno de anotações e, como se falasse com o papel, perguntou: Tem espaço para uma última história?


Nenhum comentário:

Postar um comentário