
- Homens não choram! Homens não choram!
Sussurrava repetidamente para si enquanto tentava conter as teimosas lágrimas que insistentemente lhe escapavam dos olhos.
- Eu prometi a mim mesmo que não iria chorar!
Era sempre a mesma coisa! Um ano tentando esquecer e um dia em que tinha que desmoronar.
No começo era mais difícil, doía mais. Com o passar do tempo ele foi se habituando à dor.
Quem visse de longe poderia até dizer que eram amigos.
No início, ele não acreditou, mas quando a dor veio, mostrando que tudo era real, ele a aceitou de bom grado. E foi sucumbindo a ela.
E nunca olhou para trás!
Pois não saberia se teria coragem de seguir em frente.
Foi num fim de tarde outono. O tempo estava morno e o chão repleto de folhas marrons. Mesmo quando o fim de algo se aproxima, tudo que está em volta demonstra toda a sua vivacidade.
“- Eu preciso de um tempo para pensar!”
Foi a pior frase que ele poderia ter ouvido.
Já havia notado que ela estava diferente, deu espaço, deu tempo a ela.
Mas ouvir isso assim, dessa forma... Era dor demais!
Ele não sabia se poderia suportar.
Voltou para casa arrasado naquela noite.
Não queria crer.
Dia 12/09.
O dia a partir do qual, todo ano ele se desmancharia em lágrimas e dor.
Ele esperou, esperou e esperou por ela.
Passou noites acordado esperando que ela ligasse, e mesmo que não dissesse nada, saberia que seria ela do outro lado da linha.
Mas ela não ligou.
“Provavelmente seguiu em frente... Coisa que eu não consegui fazer!”. Ele pensava.
Foi até a casa dela inúmeras vezes, mas não encontrou coragem para bater na porta.
Teve medo, de dizer que ainda a amava enquanto ela poderia estar casada com outro e com filhos.
Então, fez uma promessa a si mesmo.
Que não amaria nenhuma outra mulher; Que não se entregaria a nenhum outro abraço que não fosse o de sua amada.
E assim ele passou os dias.
E em meio a solidão, dialogava consigo mesmo.
Mas um dia, sua loucura se tornou patologia.
E a única herança que deixou, foi uma carta que pediu a seu amigo que entregasse a ela.
A doença ele foi se tornando cada vez mais grave, até que chegou o dia, de sua alma se reunir com os anjos. Como prometido, seu amigo entregou a carta à moça. A carta dizia:
Lúcia,
Sei que se essa carta chegou em suas mãos, é porque eu jamais poderei te ver novamente. Lamento fazê-la perde seu tempo comigo, mas não poderia morrer em paz se você não souber disso: EU TE AMO!
Eu sempre te amei, Lucy!
Mas, por alguma razão, você não me quis mais.
Eu não lutei, Lucy, mas não por falta de amor, mas por aceitar viver sem você, se fosse isso que você realmente queria.
Eu te esperei... Durante cada dia, minuto, segundo da minha vida.
Mas você não veio.
Lucy, espero que você seja muito feliz com a sua família (eu espero que você tenha uma), que te ama muito! (Assim como eu!)
Agora, Lucy, eu vou continuar te esperando, para que um dia, nós possamos, enfim, ficar juntos.
Com amor, Tom.
Ela não chorou, apenas dobrou a carta e a guardou. Voltou para sua casa e sentou-se em sua cadeira de balanço. E a partir desse dia, passou a implorar que Deus a levasse; que a morte não demorasse a chegar, para que pudesse se reunir pela última vez, e para sempre, com o homem que amou a sua vida inteira.
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