Elena me ajudou a levantar e a sentar na cama. Estava meio zonzo, e minha visão embaçada, mas aos poucos foi voltando ao normal. Elena estava sentada ao meu lado. Nesse momento Stefan entrou no quarto, que eu julgava ser dele. Ele falou:
- Primeira regra: Você não pode sair à luz do sol.
- Mas por quê? Você, Damon, Anna... Todos podem sair de dia e o sol não interfere em nada.
- Os vampiros são seres mortos-vivos e não têm uma substância chamada melanina na pele, por isso nossa coloração pálida. Mas pela falta dessa substância, nossa pele fica sensível à luz do sol, ocorrendo assim uma perda de líquido muito fácil. É devido a essa perda de líquido que quando ficamos expostos ao sol, nossa pele queima.
- Os vampiros que podem sair de dia, possuem alguma jóia que lhes permitem andar sob o sol sem nenhum dano. – Minha irmã deliberou.
- Mas essas não são jóias comuns. Têm que ser enfeitiçadas por uma bruxa.
- Então, eu só vou poder sair à noite?
- Eu posso tentar providenciar um anel como o meu para você. – Meu cunhado falou. Ele parecia realmente se importar comigo. Ele era como Anna. Um vampiro “do bem”. Eu acho que queria ser como eles.
- Mas não estaria enfeitiçada não é.
- É. Mas por sorte, nós temos uma bruxa de confiança. – Minha irmã me informou.
- Quem? – Perguntei realmente curioso.
- Bonnie.
Fiquei imóvel. Como poderia? Bonnie, bruxa? Eu nunca suspeitaria. O que é um fato curioso, pois há pouco tempo eu também não desconfiaria da existência de vampiros, e, ironia do destino ou não, agora eu era um deles, se é que eu posso dizer assim.
Acho que através do meu silêncio eles compreenderam que ainda havia coisas que eu precisava saber aos poucos e outras que eu precisaria descobrir por mim mesmo. Fiquei algum tempo parado repassando em minha mente todo o ocorrido até aquele momento. E então lembrei que eu devia ter sumido de cada há uns dois dias.
- E Jenna?
- Ela pensa que você está em uma excursão. Mas seria bom que até o final do fim de semana você voltasse para casa. Claro, se você se sentir bem. - Disse minha irmã. Antes eu estava com tanta raiva dela mas agora, acho que eu começava a entender os motivos que a levaram a fazer o que fez. Ela queria apenas me proteger de pessoas como eu. Às vezes o destino pode ser irônico. – Jer, eu preciso ir. Ajudar Caroline com química. Qualquer coisa você me chama, está bem?
- Pode ir tranqüila. Você também Stefan. Eu vou ficar bem.
- OK, então. – Respondeu meu cunhado e os dois saíram do quarto me deixando sozinho com meus pensamentos.
Se ainda fosse humano iria achar a casa muito silenciosa. Mas eu ouvi quando Stefan fechou a porta atrás de si; quando Elena entrou em seu carro; os pássaros cantando nos galhos das árvores; os leves passos de Damon no térreo. Até que ele ligou o som e estragou minha brincadeira de descobrir até onde minha “super-audição” poderia ir.
Desci para ver o que ele estava fazendo.
- Bem-vindo a uma mísera e tediosa eternidade!
- Qual é a sua cara?
- Depende. Amei uma e ela se foi. Depois disso tive várias.
- E você não foi atrás dela?
- Eu não costumo perseguir quem eu sei que não me quer. Ou melhor, costumo, mas não nesse caso.
- Você ta falando de que mesmo?
- Da única coisa que faz nós, homens, perdermos a cabeça: A mulher amada. E tudo se resume nisso. Fim.
- Há quanto tempo você é um vampiro?
- Uns 145 anos.
- Caramba!
- Você gostou de sentir o sangue tocando sua língua e deslizando pela sua garganta?
Não respondi. Não sabia onde ele queria chegar.
- Num corpo humano é muito melhor! – Disse com um sorrisinho sarcástico no rosto que eu já tinha percebido ser típico dele. – Mas é claro, ainda por ser novo, que você não quer chamar atenção para si, nem para nós, senão, teremos que te matar.
- Jura mesmo? - Ele me olhou como se eu o tivesse desafiando, e realmente estava. Continuei. - Eu não pretendo ficar nessa cidade por muito tempo.
- Ah, não? Deixe-me adivinhar: vai atrás de Annabelle? Boa sorte em achá-la! – Ele usou seu usual tom irônico.
- A culpa não é minha se você desistiu e se tornou uma pessoa amarga. Eu não costumo desistir do que realmente quero.
- E onde você vai procurá-la? Sabe de alguma coisa do passado dela? Dos locais onde ela já morou? Das cidades que ela provavelmente iria? O nome que ela usaria se precisasse de um novo?
Fiquei em silêncio. Ele tinha razão. Eu não sabia praticamente nada de Anna. Apenas que meu tio tinha matado sua mãe, Pearl, e que ela morava aqui em Mystic Falls em 1864. Eu não poderia sair de cidade em cidade perguntando a cada cidadão se ele ou ela conhecia uma vampira chamada Anna.
- Você não tem para onde ir. Você pode levar alguns séculos procurando em cada cidade do planeta ou ficar aqui e esperar, se ela te amar o suficiente para voltar e procurar por você.
- É isso que você está fazendo? Esperando? – Ele ficou em silêncio. Parecia que eu tinha descoberto sua motivação. O que ninguém mais tinha sequer pensado na possibilidade. – Afinal, que motivo você teria para continuar aqui?
- Infernizar a vida de Stefan, pra que coisa melhor? Eu jurei que daria a ele uma eternidade miserável?
- Por ele ter conseguido uma coisa que era para ser só minha. – Ele não ia falar mais sobre o assunto, pelo menos não hoje, e eu também não iria perguntar. – Você não tinha que ver sua jovem e vulnerável tia?
- Droga! Tinha esquecido de Jenna! – Ia saindo pela porta, consegui cruzar a sala em meio segundo.
- Procure não atacar ninguém no caminho. – Ele disse, levantando os lábios com seu habitual sorriso sarcástico.
Saí e parei em frente à porta da casa. Queria experimentar a solução. Há que velocidade eu conseguiria chegar? Sorri internamente. Corri. Rápido, muito rápido. Olhos humanos não conseguiriam me enxergar. Nossa! Que sensação boa! O vento batendo no rosto, cabelos voando, alta velocidade, sem coração acelerado, sem respiração ofegante. Quando estava perto de casa parei de correr. Andei com velocidade de uma pessoa “normal”.
Parei em frente à porta. Podia ouvir as pulsações do coração de Jenna. Podia ouvir seus passos na sala. O cheiro do desinfetante que estava usando para limpar a casa. Bati. Ouvi seus passos caminhando até a porta.
- Jeremy!
- Não vai me convidar para entrar tia?
- O que há com você? – Ele me perguntou intrigada.
- Nada! – Respondi casualmente.
- Então deixe de ficar aí na porta parado. Entre logo! – Ela falou em tom de brincadeira.
Comemos um pedaço de bolo e conversamos um pouco, casualmente. Esperava não deixar transparecer nada diferente no meu comportamento. Jenna não poderia desconfiar do que se passava.
Ela voltou para a faxina e eu subi para o meu quarto. Encontrei John parado na porta.
- Por onde você andou mocinho? – Ele falou em um tom de sondagem. Ele queria retirar informações de mim. Mas eu não daria a ele o que ele tanto queria.
- Pensei que Elena já tivesse dito. – Respondi firmemente.
Ele ia liberando a passagem quando completou.
- Jeremy, por onde anda sua namoradinha? – Ele não me deixou responder. – Ela sim foi inteligente. Você sabe que esse tipo de gente não deveria existir.
- Se essa é questão, Por que você também não matou Isabel?
- Não Jeremy, essa não é a questão.
- E qual é a questão então?
- Você vai ficar sabendo no devido momento.
* * *
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