Não sei se pela minha condição inferior de humana, ou se por qualquer outro motivo. Invejei Stefan, nesse momento desejei ter uma super-audição, embora eu não soubesse bem como funcionava. O silêncio assim como a escuridão às vezes pode ser devastador. É como se a qualquer momento algo indesejado pudesse te alcançar. E então, você se torna frágil, já que seu adversário não pode ser percebido.
Fui ver como Jeremy estava. Resolvi passar no quarto de Jenna antes. Ela ainda dormia. Sua face doce e ingênua parecia esboçar um leve sorriso. Minha tia dormia, tal qual dorme um anjo. Sem nenhuma preocupação. Longe do caos em que nossas vidas se transformavam pouco a pouco. Como eu queria mantê-la sobre esse manto de ignorância que ainda preservava sua vida dos males que nos rondavam.
Ao sair do quarto, ouvi um “poc”. Algo parecia ter caído. Mas o som foi tão baixo que eu mesma quase não o escutei. Fui para o quarto de Jeremy e ele não estava lá. Virei-me para a porta e quando ia saindo, deparei com Stefan à minha frente.
- Você me assutou!
- Desculpe!
Ele me deu seu já habitual mas não menos carinhoso beijo na testa.
- Desculpe não ter te ligado ontem, mas cheguei muito cansada da casa de Bonnie, e terminei apagando.
- Não tem problema, eu só queria te mostrar uma coisa. – Ele me conduziu até o meu quarto e fechou a porta atrás de si. De dentro do bolso do casaco, retirou um anel e colocou em minhas mãos.
O anel era de prata com uma pedra verde. Sua estrutura lembrava os anéis Damon e Stefan, mas não era exatamente igual. Em sua superfície tinha se destacava algo que parecia um brasão. Mas não consegui identificar o animal que estava gravado nele.
- É uma esmeralda?
- Sim.
- E que animal é esse? É uma águia?
- É sim.
- Onde você conseguiu esse anel?
- Foi um pouco trabalhoso. Eu revirei em meus diários antigos e encontrei o túmulo de um dos ancestrais da família Gilbert. O anel que deve ser enfeitiçado deve ter pertencido a algum antepassado.
- Então esse é o brasão da minha família?
- Exatamente.
- E o que ele representa?
- Bom... Águias são aves que não costumam voar em bando e em uma tempestade, não se escondem. Voam em alta velocidade e enfrentam as dificuldades. E mesmo que saiam feridas, não fraquejam, seguem em frente.
- Nossa! Eu nem sabia que minha família tinha um brasão.
- Era uma tradição comum entre as famílias fundadoras deixar a seus descendentes jóias com o brasão da respectiva família cravado.
- E por que nós nunca ficamos sabendo dessa tradição?
- Depois que os fundadores descobriram a existência da nossa espécie, e não sabendo exatamente o que podíamos fazer, esconderam as jóias temendo que algum tipo de maldição fosse passada através destas.
- As mulheres também ganhavam anéis?
- Não, geralmente eram colares.
- Que legal! Você sabe como eram feitos?
- Basicamente se aquece o metal, nesse caso a prata, que tem ponto de fusão a 961°C ou 1.761,8°F, já o ouro a 1.070°C ou 1.343K. E molda-o até formar uma placa metálica. Depois se desenha sobre essa placa o design da jóia. Recorta-a, solda-a e coloca-se a pedra. Mas atualmente também pode ser feita de outra maneira: fabricados através de fundição centrifugada, processo este que retira todo e qualquer ar que possa formar bolhas no metal fundido. Após esta etapa, ainda passam por um processo de compactação para maior coesão entre as moléculas do metal. As alianças confeccionadas por esse processo são mais resistentes a quebras podendo ser diminuídas ou aumentadas sem perda de peso e de suas características construtivas.
- Será que eu ganharia um colar desses?
- Provavelmente.
- Bom, agora só temos que levar o anel até Bonnie.
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